segunda-feira, 25 de julho de 2011

ALAGOINHAS – BAHIA: PASSADO E PRESENTE


Marco Antunes, 60 anos, advogado, vice-prefeito de Alagoinhas


Marco Antunes fala com emoção do passado e do presente de Alagoinhas .


ALAGOINHAS DO PASSADO



Suas praças, banda de música, os trens, casas comerciais, cinema, alto-falante, pessoas, laranjais.



Para alguns bons e pacientes amigos, não passo de um saudosista, pois, toda vez que conversamos ou discutimos alagoinhas, eu lhes falo com extremo entusiasmo de Alagoinhas da minha infância e juventude. Lembro-me da cidade alegre e progressista em que vivi; da Praça Ruy Barbosa aos domingos, quando por ali passavam as nossas bandas de música Ceciliana e euterpe disputando os aplausos e encantando todos que as escutavam, conduzidas por seus maestros e diretores e as apoteoses as retretas nos coretos daquela então bela praça; lembro-me do apogeu da estrada de ferro, do grande entroncamento ferroviário; do intenso e alegre movimento nas estações de São Francisco e Alagoinhas, durante as chegadas e partidas dos trens Pirulito, Estrela do Norte e do luxuoso Marta Rocha; as laranjas, as frutas da época e os mingaus, as iguarias oferecidas aos gritos aos passageiros e aos que esperavam ou se conduziam às estações. Tudo isso num entusiasmo típico de uma alegre festa.

Lembro-me da praça J.J. Seabra com seu belo jardim, sempre florido e bem cuidado, da “Pharmácia Central” com seu farmacêutico, seu Antônio, de Vavá e Machado da farmácia São José, de Hostílio Chagas da Loja 28 de Maio, de Dudu Carvalho da loja de ferragens, de Agnaldo e Pedrinho, nossos barbeiros, de Pedro Godinho; lembro-me da velha e desaparecida Igreja Matriz, do serviço de alto-falantes “A Voz da Liberdade”, da sirene das oficinas da Leste, dos grandes trapiches e curtumes que exportavam fumo e peles para o sul do País, para América e Europa.

Lembro-me do Cine Popular de Benigno Martins, nosso único cinema, dos dramas e peças teatrais apresentadas no Salão Cid bastos pelo grane ator Marcel Boiron; de Tonico Martins, um prefeito querido pelo povo, de Pedro Dórea, médico zeloso; da boa mestra professora Noquinha (Ana de Oliveira Campos); dos nossos times Gato Preto, Agulha e Grêmio; dos grandes tabuleiros e laranjais.

Como não sentir saudades, como não sentir na alma e no coração o toque sutil da melancolia? Mas são apenas lembranças, divagações, saudades...

ALAGOINHAS ESTAGNADA


Curtumes e trapiches fechados, trens desativados, laranjais sem espaço.

Esse tempo passou, e nos surpreendeu um período de estagnação econômica e uma retração no progresso. Os curtumes fecharam, os trapiches encerraram suas atividades, o entroncamento ferroviário perdeu a força, a Petrobrás diminuiu seu ritmo, os laranjais perderam seu espaço, o comércio se ressentiu e Alagoinhas perdeu a posição privilegiada de um dos principais municípios de nosso estado, transformando-se um município economicamente estacionado.

ALAGOINHAS E SEU NOVO TEMPO

Porém isso não perdurou por muito tempo, pois, a despeito de toda a dificuldade, permaneceu o espírito corajoso, determinado, altivo e laborioso de seu povo que, lutando lado de suas lideranças políticas e empresariais, reconquistou espaços perdidos, abriu novos caminhos e descobriu novas vocações econômicas. Surgiu a fábrica de postes Cavam nos anos 70, logo depois, aqui se instalou o Curtume Brasil-Espanha, chegaram a grande fábrica de cerveja, as fábricas de calçados e cerâmica, a Natural Gurt, a noiva fábrica de refrigerantes, ora em instalação, e outros grupos de menor porte, contudo, gerando emprego, renda e progresso. Chegaram as faculdades, atraindo um sem número de estudantes de toda a região.

Alagoinhas retomou seu lugar de destaque na geografia econômica do estado e voltou a ser a importante capital regional. O comércio tornou-se vibrante, criativo, moderno. São várias as emissoras de rádio, os novos comunicadores que interagem com a comunidade, são os jornais – a exemplo do prestigioso Gazeta dos Municípios. É a alagoinhas que valoriza seu passado, vive com responsabilidade o presente e constrói o seu futuro. Como natural em toda cidade que cresce, surgem as dificuldades, os problemas, os desafios, mas o povo continua disposto a enfrentá-los, a vencê-los.

CONCLUINDO

Essa é a Alagoinhas do nosso bem-querer, do nosso amor, da nossa vida. Ao escrever estas linhas o fiz com a preocupação e o cuidado de quem é bastante limitado nas lides literárias ou tem pouca intimidade com as letras... , mas creio que valeu a intenção e o esforço de um filho que ama sua terra. Termino pedindo desculpas pela forma atabalhoada com que coloquei o meu pensamento, mas brotou da alma e do coração, com vontade de escrever muito mais.
No entanto, deixo este final por conta da nossa poetisa maior, Maria Feijó, que assim canta em um de seus muitos poemas em homenagem à sua terra: “ Alagoinhas minha Ilha de sonho, festa de sol. Berço de luz, canto de paz. Amo-te, onde quer que esteja”. Parabéns, Alagoinhas. Felicidade para todo o seu povo.
Fonte: GAZETA.

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