sexta-feira, 25 de março de 2016

Entidades criticam fala de Lula sobre 'prejuízos' da Lava Jato à economia



Ex-presidente pediu a sindicalistas que questionem juiz Moro sobre assunto. 
Para entidades de juízes, procuradores e PF, corrupção é que gera prejuízo.

Laís Alegretti e Fernanda Calgaro
Do G1, em Brasília.
Dirigentes de entidades que representam juízes federais, procuradores da República e delegados da Polícia Federal criticaram nesta quinta-feira (24) declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante ato nesta quarta (23) em São Paulo.

Em discurso, Lula fez um apelo aos sindicalistas presentes para que cobrem do juiz Sérgio Moro informações sobre "prejuízos" que as investigações da Operação Lava Jato estariam causando à economia.

"Essa operação de combate à corrupção é uma necessidade para este país. Eles estão dizendo que vão recuperar não sei quantos bilhões, seis bilhões, um bilhão, dois bilhões, três bilhões. Não tem problema. Agora, eu queria que vocês procurassem a força-tarefa, procurassem o juiz Moro, para saber o seguinte: se eles estão discutindo quanto essa operação já deu de prejuízo à economia brasileira", disse Lula.

"Vocês têm que procurar a força-tarefa e perguntar se eles têm consciência do que está acontecendo neste país", completou.

Juízes federais

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Antonio César Bochenek, afirmou que a Operação Lava Jato já recuperou mais de R$ 3 bilhões, além de bens móveis e imóveis. Para ele, a corrupção é que causa "nefastos prejuízos" à economia.

"Eu acredito que a operação não deu nenhum prejuizo. Ela é um servico publico e já recuperou mais de R$ 3 bi em valores, além de móveis e imóveis apreendidos, que serão vendidos e os valores serão retornados aos confres públicos", declarou.

Segundo Bochenek, Judiciário, polícia, Receita e Ministério Público prestam serviços essenciais que combatem a impunidade. "A impunidade aumenta a corrupção, e a corrupçao, essa sim, causa nefastos prejuízos à economia", disse.

Procuradores

O presidente da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, disse que o ex-presidente se “apequena” ao atribuir a crise econômica à Operação Lava Jato.

“Lula se apequena com declarações como essa, porque ele foi presidente da República por duas vezes, teve a responsabilidade de dirigir o país e sabe muito bem que a situação econômica que o país está deriva muito mais de decisões de política econômica do que de qualquer investigação, por mais extensa que seja”, afirmou.

Ele também ponderou que qualquer pessoa com responsabilidade pública deve estimular a sociedade a confiar em suas instituições e não o contrário.

“Qualquer pessoa que tem responsabilidade pública – isso vale para líderes políticos, como o presidente Lula, vale para governantes, vale para membros do Ministério Público e do Poder Judiciário – tem que agir hoje com muita serenidade e estimular que o país inteiro confie em suas instituições”, declarou.

Na avaliação dele, atribuir a crise econômica ao combate à corrupção feito pela Lava Jato é o mesmo que culpar um médico pela consequência da cirurgia ao extirpar um tumor.

“O desemprego vem de decisões econômicas com as quais a Lava Jato não tem nenhuma relação”, afirmou.

Polícia Federal

O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, disse que atos de corrupção encarecem serviços e produtos e que o grande efeito esperado da Lava Jato é tornar mais saudável a relação entre o público e o privado no Brasil.

"Os atos de corrupção encarecem serviços, prudutos e atividades do meio público e quem paga a conta é a sociedade brasileira. Não é sustentável que a relação entre o público e o privado seja baseada em atos de corrupção. O grande efeito que se espera da Lava Jato é que tenha inclusive redução do custo Brasil, diante de relação mais saudável entre o mundo dos negócios e mundo público", disse.

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