sexta-feira, 5 de julho de 2013

Perdido, governo busca saída para plebiscito e tenta evitar crise no Congresso


PERDIDOS - Dilma Rousseff e Michel Temer: o governo dá sinais de que não sabe o que fazer com o plebiscito que inventou (Ueslei Marcelino/Reuters )

Declarações desencontradas e choque entre partidos expõem a crise na articulação política da gestão Dilma, que vive seu pior momento

Perdido em declarações contraditórias e sem saber o que fazer para dar um rumo ao plebiscito que inventou, o Palácio do Planalto tenta desarmar uma crise com os partidos que apoiam o governo Dilma Rousseff e que ela espera ter ao seu lado nas eleições do próximo ano. A operação, entretanto, esbarra em dois pontos: a falta de um articulador político ao governo, tarefa que a própria presidente nunca soube (e nem quis) desempenhar, e a insatisfação da bancada do PT, que reclama de isolamento do Palácio do Planalto. Além de contaminar a relação com os partidos aliados, Dilma também teme que o acirramento dos ânimos resulte em novas derrotas do Executivo em votações de projetos prioritários.

O tamanho da confusão criada pelo oportunismo de realizar um plebiscito improvisado para a reforma política ficou evidenciado nesta quinta-feira. Escalado para tentar unir a base no Congresso para levar a proposta de Dilma adiante, o vice-presidente da República, Michel Temer, reuniu nesta quinta-feira líderes dos partidos na Câmara, onde a resistência ao plebiscito é maior, no Palácio do Jaburu. Ouviu dos parlamentares o diagnóstico óbvio: de que o Congresso não tem condições de definir as perguntas do plebiscito e convocar a consulta popular em poucas semanas, como quer a presidente.

Na saída do encontro, Temer foi categórico ao anunciar que proposta seria empurrada para o futuro, sem alterar o modelo eleitoral no pleito do ano que vem. A declaração foi bem recebida pelos partidos que sustentam o governo – menos pelo PT. Quase simultaneamente à fala de Temer, àquela altura enterrando a ideia de mudar o modelo eleitoral para 2014, o PT reunia o comando do partido para deliberar o contrário.

“O plebiscito é a forma mais direta e também a maneira mais indicada para realizar a reforma política. A nossa linha é de um plebiscito em um prazo mais curto possível. Um plebiscito que produza efeitos na reforma política já para 2014 e, para que ele se realize, nós vamos continuar também com a nossa campanha por reforma política, colocando também como uma bandeira mais definitiva a realização de uma assembleia constituinte exclusiva”, disse o presidente do PT, Rui Falcão.

Enquanto isso, em viagem à Bahia para lançamento do Plano Safra Semiárido, Dilma insistia no plebiscito: “O povo sempre mostrou, ao longo da história, que suas escolhas foram acertadas. Não acho que o povo não seja capaz de aprender porque as perguntas [do plebiscito] são complicadas. Aqui as ruas falaram por mais direitos, e aqui quero dizer que ouviu claramente a voz das ruas”.


Reportagem na edição de VEJA desta semana mostra que o PT tenta imprimir verniz democrático à ideia, mas o objetivo de plebiscito é dar mais dinheiro ao partido e instituir o voto de cabresto.

Os interesses do PT e o lado oculto do plebiscito de Dilma
Presidente usa impulso dos protestos nas ruas para tentar emplacar uma perigosa reforma política que o PT fracassou em implementar no Congresso
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário