segunda-feira, 9 de junho de 2014

Uma análise da superstição


Muitas pessoas civilizadas do século XXI ainda se deixam levar por inúmeras manifestações supersticiosas. O termo superstição vem do latim superstitio que significa o que sobrevive de épocas passadas. Acreditam muitos, realmente, nas formas primitivas de interpretação dos eventos da existência neste planeta, próprios tais modos de ver de povos incultos que não conheceram o desenvolvimento social.
A experiência científica avançou consideravelmente, mas crendices ainda povoam mentes que se infantilizam diante dos desafios da vida.
Ainda se fala em dias faustosos e aziagos, em pressentimentos tenebrosos, em forças ocultas que agem através de certos ritos inteiramente desconexos com a realidade dos fatos.
O fatalismo impera em certas mentes que tudo atribuem a um determinismo que contradiz a reta Filosofia e a sã Teologia.
A superstição é fruto da ignorância e é gerada por falsas idéias a respeito dos fenômenos da natureza.
Cumpre ser invulnerável às impressões destituídas de fundamento lógico ou bíblico e estudar as ciências naturais e ter da ação divina uma noção bem esclarecida.
É de se notar que tantas vezes se apela para algo extraterreno a fim de justificar fracassos ou a indolência que conduziu a desastres físicos ou psíquicos.
Aquele que tem fé sabe, porém, que o Ser Supremo é Pai misericordioso e que enorme é o poder da oração. Esta atrai a proteção divina e leva a dissipar erros, ficções e outras ilusões que podem envolver a imaginação .
Além disto, é preciso fugir da impostura humana de pessoas que quere enganar.
Tantos fenômenos que se dão têm, de fato, explicações científicas, mas há acontecimentos tão complexos que nem os sábios podem desvendar. Deus pode vir sempre em auxílio dos que O imploram, desde que cada um faça o que estiver a seu alcance e o favor divino venha a servir para o bem da própria pessoa ou por quem se orou.
A superstição pode ser indício de uma regressão infantil e indício de insegurança e de falta de uma fé profunda e, até, pode patentear uma inteligência medíocre.
A superstição denoda, muitas vezes, decrepitude do pensamento, fuga do homem de si mesmo e negação de sua dignidade de criatura pensante.
Ridículas, por exemplo, as simpatias para o Ano Novo, como ter comido três uvas à meia-noite, fazendo um pedido a cada uma delas; lançar moedas da rua para dentro de casa para atrair riqueza. Estas e outras atitudes semelhantes são indignas de um autêntico cristão e de quem possui um mínimo de inteligência.
Entretanto o que causa pasmo é ver na televisão certos personagens que ocupam cargos importantes a demonstrarem crença em atitudes inteiramente sem nexo.
Ainda estes dias a Presidente da República ao dar uma entrevista na televisão sobre a controvertida Copa do Mundo de futebol no Brasil, deu três toques na madeira para afastar qualquer malefício contra a seleção brasileira.
Certo Ex-presidente da República, membro da Academia Brasileira de Letras, sempre sai de um edifício pela mesma porta pela qual entrou e isto para não dar azar. Ao se hospedar num luxuoso hotel de Copacabana no Rio de Janeiro foi flagrado saindo e logo voltando para poder se retirar pela mesma porta pela qual adentrara naquele prédio. É que até nos personagens cultos há recantos de fraqueza nos quais se abrigam as superstições que se refugiam nos redutos interiores mais estranhos.
Na arte de desafiar as superstições cumpre, porém, alguma precaução. Muitos não passam debaixo de uma escada, mas para desafiar esta crendice, como salientou Eno Teodoro Waker, é bom ver se a escada está firme, se a lata de tinta está bem equilibrada e se o pintor não esta alcoolizado.
Seja como for, no fundo, a superstição é sintoma de um temor que deve ser combatido. Jesus repetiu tantas vezes: “Não tenhais medo” (Mc 6,50; Lc 24,36; Jo 6,20). Longe dele se multiplicam gestos incoerentes e atitudes aberrantes!

 Côn. José Geraldo Vidigal + Ver Mais Artigo do Autor
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Fonte: http://www.catolicanet.com.br

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