Inconformado com as pessoas que desvirtuam o PT, Lula decidiu reagir. No início de maio, já havia criticado a rendição da legenda ao dinheiro. Agora, em entrevista à CartaCapital, disse: “A gente não pode permitir que meia dúzia de pessoas deformem esse partido, ele é muito grande.”
O PT deveria mesmo expulsar quem sistematicamente desmoraliza a legenda, afastando-a de suas origens. Infelizmente, os que fazem isso geralmente comandam o partido. Lula deu o diagnóstico: “O PT erra quando começa a entrar na mesmice dos outros partidos. Erra quando usa a mesma prática dos outros partidos.” Perfeito!
Noutra constatação precisa, Lula disse que “o Brasil não tem tradição de partido nacional, a tradição são tribos locais, com caciques regionais.” No tempo em que era uma estrela que apontava para costumes renovados na política brasileira, o PT execrava Sarneys, Renans e outros Barbalhos. Mas, no poder, Lula aliou-se ao atraso. E chamou isso de amadurecimento. Para alguém que se pretendia reformador, banhou-se no pântano da “mesmice” com acintosa naturalidade.
Lula disse que vai “ajudar o PT a voltar ao seu leito natural.” Olhar no espelho seria um bom começo. Pode ser após o despertar, barriga colada à pia do banheiro, enquanto espalha o dentifrício pelas cerdas da escova.
Levando a experiência a sério, depois de bochechar e lavar o rosto, Lula enxergará no espelho, no instante em que erguer os olhos para pentear os cabelos, o reflexo de um culpado. Sua imagem refletida dirá: “Bom dia, vim apresentar você a você mesmo.”
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